Doug Jenkinson faz uma breve apresentação do seu estudo
A MINHA HISTÓRIA
Por volta do dia 8 de maio de 2014 sentia-me estranha, apetecia-me estar sossegada no sofá, não me sentia muito bem… Passados uns dias tinha uma tosse que parecia ser alérgica, tomei um anti-histamínico mas percebi que não seria uma questão alérgica. Ao fim de uma semana já doía a garganta de tanto tossir, estava inflamada/irritada (penso que já não dormia de noite, por sentir aquele impulso de tossir; parecia que tinha qualquer coisa na garganta). Lembro-me também de ter deixado de conseguir gargarejar, assim que tentava inclinar a cabeça para trás mandava o líquido fora. Na semana de 18 a 24 de maio já me sentia ligeiramente melhor durante o dia mas tossia de noite. Foi o pormenor de tossir à noite que me arrastou para o teclado do computador numa noite sem descanso possível. Pesquisei em inglês e descobri algumas doenças que pareciam encaixar com os sintomas até então manifestados (gotejamento pós-nasal, refluxo gástrico e tosse convulsa). Fui a um médico de clínica geral numa sexta-feira, dia 23 de maio. Fiz raio x (limpo) pois ele achou estranho tossir há tanto tempo. Ele achou provável ser alérgico e fiz medicação no fim-de-semana sem melhoras. Não aviei a receita de “codeína” que ele me receitou para o caso de não resultar a medicação para alergia. Era uma suposta BOMBA que acabaria com a tosse mas a farmacêutica não aconselhou uma vez que a alertei que tinha antecedentes asmáticos. Tinha descoberto o site do médico inglês Doug Jenkinson (http://www.whoopingcough.net/Dr-J-biography.htm) e cada vez que lia achava que os meus sintomas se assemelhavam aos que ele descrevia. Fui a outro médico de clinica geral no dia 27. Nessa altura eu já estava mais convicta que era tosse convulsa porque comecei a ter uma tosse estranha de noite - espécie de tosse incontrolável com “espasmos” no peito que me deixavam sem fôlego. Quando mencionei essa hipótese ao médico ele quase me chamou de “louca” e levei com 1 hora de histórias diversas (a tosse convulsa está erradicada, deve ser alergia, não deve arejar o quarto nesta altura, talvez fungos, …deviam cortar os plátanos ao pé das escola..., se insistir em descobrir a origem da tosse prepare-se para ser objeto de muito estudo/entubamentos/exames complicados, etc). Sugeriu que começasse pela alergologia e, como havia uma vaga, esperei 1 hora e meia e fui consultada também nesse dia. Ao alergologista falei (com receio de ser novamente ridicularizada) das minhas suspeitas. Nesta altura também já sabia de uma colega minha da escola que tinha apresentado uma tosse como a minha e que me tinha avisado “prepara-te! A minha durou 3 semanas”. O médico disse que era muito pouco provável e que era muito raro. Disse-me para fazer medicação para asma e alergia. Comprei a bomba da asma e várias gotas nasais. Quando cheguei a casa e li novamente os sintomas percebi que tudo o que me tinham dito não me convencia. Liguei para a saúde 24 e expliquei o meu receio de estar a contagiar os meus alunos. Com as perguntas que faziam percebi que não conheciam os sintomas que eu tinha descoberto na internet (já tinha várias horas de pesquisa) e, mais uma vez, não valorizaram os meus sintomas… Fiz a bomba de asma e as gotas nasais na esperança que pudesse aliviar este mau estar mas os ataques noturnos continuaram e decidi parar a medicação. Tinha lido que não havia muita a fazer em termos de tratamento e que um antibiótico dado nos primeiros 15 dias poderia reduzir o contágio e os sintomas… tarde demais. |
À noite os ataques pioraram e tive os tais “paroxismos de tosse com guincho inspiratório”, tive medo de sufocar. Liguei para a saúde 24 novamente dizendo que alguns alunos falavam de uma tosse estranha à noite e, mais uma vez, os meus sintomas e as minhas suspeitas foram desvalorizadas. Escrevi também no livro de reclamações da direção nacional de saúde (deveriam atualizar os médicos em relação aos sintomas da tosse convulsa em adolescentes e adultas vacinados). Nesta altura (e com pouco descanso) estava determinada em arranjar forma de fazer as análises para poder provar que tinha razão para que fizessem alguma coisa. Consegui, através de um tio de uma amiga, que me passassem a requisição (demoraria uns dias pois viria por correio). Dia 2 de junho (na escola) – descubro 2 alunos com sintomas iguais aos meus e falo na direção sobre a minha preocupação. Não podem atuar sem instruções da delegada de saúde. (final do dia 2) - o alergologista tinha pesquisado e chamou-me ao consultório. Afinal achou que eu teria fundamento para as minhas suspeitas e passou-me as análises. Dia 3 – vou ao laboratório e descubro que as análises custam 300 e tal euros. Fiquei de rastos... Telefonei à delegada e convenci-a que deveriam fazer-me as análises por se poder tratar de uma ameaça de saúde pública. No dia seguinte arranjou a requisição a muito custo… dizia ter a certeza que eu não tinha nada e que nunca me vira tossir. Dia 5 de junho vou fazer a análise e a enfermeira diz que basta um dos valores ser positivo para indicar que eu teria estado em contacto com a bactéria Pertussis. Por descobrir que as análises vão demorar tanto tempo, telefono novamente à saúde 24 que continua a não valorizar. Nesta altura os ataques começaram a mudar ligeiramente, difícil de explicar… parecia ser mais ao nível da garganta, incontroláveis ficando sem ar e muito difícil de inspirar por causa do muco grosso na garganta (parecia bloquear). Os resultados chegam dia 19, enviei ao médico inglês e ele confirma. Por cá as minhas análises ora indicam que sim ora indicam que não... acabam por considerar que são inconclusivas. Consideram que a vacina que levei em criança (há 40 anos) interfere nos resultados e por isso é que tenho os valores alterados (não pelo facto de ter tido... o que não faz sentido!!! Então por que motivo fiz as análises?!) Descubro um artigo científico sobre tosse convulsa escrito por uma pediatra do norte. Envio-lhe um mail e envio-lhe os resultados. Resposta dela: "entre em contacto com a delegada de saúde" !!! (?) ... beco sem saída... Por via das dúvidas também pedi opinião de um médico americano, especialista envolvido no surto da Califórnia. Ele é da mesma opinião que o médico inglês... Segunda quinzena de julho – já me sinto melhor, consigo dormir de noite sem ser “sentada”. Tenho só uns ataques tipo “engasgo”, de vez em quando, se rio, bocejo, bebo, subo escadas, respiro fundo, etc. Também fui ao posto de saúde na tentativa de ser encaminhada para um especialista do Hospital Santa Maria (aconselhada por uma técnica de análises). Expliquei a história ao médico que me atendeu, mostrei as análises, falei do médico inglês... conclusão: passou-me 3 folhas de exames de toda a espécie (nenhuma para tosse convulsa). Nódulos, alergias, cancro, refluxo, ... tudo menos tosse convulsa :( Pelo menos informem os obstetras e protejam os bebés através da vacinação das grávidas no 3.º trimestre!!! Os outros... tenham paciência, há-de passar! |